Quadras Soltas - Fernanda Proença

Junto ao moinho cantando Lavam roupa as lavadeiras Os patos brincam nadando Arrulham pombos nas eiras Os patos brincam nadando Arrulham pombos nas eiras As fontes da minha aldeia Murmuram, gemem em coro As águas que vão correndo Levam consigo o meu choro As águas que vão correndo Levam consigo o meu choro Às vezes contemplo o moinho Que além de velho não cai Formado no casalinho Que era do pai do meu pai Formado no casalinho Que era do pai do meu pai A luz que brilha no monte Que triste a vejo daqui A luz que brilha no monte Que triste a vejo daqui A luz humilde e pobre Do casalo onde nasci A luz humilde e pobre Do casalo onde nasci Não queiras ir para a cidade Deixa-te estar que estás bem Não queiras ir para a cidade Deixa-te estar que estás bem Não tens amor à herdade Onde morreu tua mãe Não tens amor à herdade Onde morreu tua mãe Moinho desmantelado Pelo tempo derruído Moinho desmantelado Pelo tempo derruído Tu representas a dor Deste meu peito dorido Tu representas a dor Deste meu peito dorido

Sentado em frente de onde queria estar Tão perto que quase posso alcançar A luz até me chama para entrar Sinto a inquietação Em segunda mão Vontade de estar No teu lugar Medo que nasce de não aceitar Um amor que não tem medo de se enganar E uma sede de quem se quer dar Sinto a hesitação Em primeira mão Não se pode calar O que vem de dentro Não deixarei em vão as minhas rimas sem canção E cantarei página soltas Não deixarei em vão as minhas rimas sem canção E cantarei página soltas